Análise da série The Americans (1ª temporada)
A guerra fria foi um período repleto de muita tensão e simbolismo, época em que os EUA e a URSS travaram diversos tipos de disputas, indo desde a expansão de suas influências pelo mundo até mesmo a uma agitada corrida espacial. Como as duas superpotências se enfrentavam nos mais diversos campos, conseguir informações sobre o que o seu oponente estava planejando era algo essencial. Nesse contexto, as agências de informação, segurança e espionagem ganharam forças sem precedentes e se tornaram um elemento chave nesse embate.
Ambientada em 1981, The Americans tem como ponto central a vida do casal Elizabeth (Keri Russell) e Philip Jennings (Matthew Rhys), dois agentes da KGB infiltrados nos Estados Unidos. Recrutados na Rússia, quando ainda eram bem jovens, ambos foram treinados para enfrentar as mais diversas situações que poderiam encontrar no território inimigo. Como iam trabalhar juntos no exterior, Philip e Elizabeth foram obrigados a formar um casal, sem sequer se conhecerem. Além disso, os detalhes sobre o passado de cada um deveriam ser mantidos em segredo.
Os dois chegaram nos Estados Unidos sem conhecer o local e a pessoa com quem passariam a viver dali em diante. Apesar dessas dificuldades iniciais, o casal conseguiu construir uma vida sólida e teve dois filhos, Paige (Holly Taylor) e Henry (Keidrich Sellati). Paige e Henry não fazem a mínima ideia que seus pais são russos e possuem um trabalho secreto. Para todos os efeitos, Philip e Elizabeth são proprietários de uma agência de viagem, e é isso o que eles fazem para ganhar a vida.
É interessante ver como o casal se insere em uma sociedade com valores e costumes completamente diferentes daqueles pregados pelos soviéticos. Extremamente leal a Moscou, Elizabeth faz breves comentários (nunca expressando suas posições) sobre o que seus filhos estão aprendendo na escola, bem como a forma com que eles se comportam socialmente. Já Philip parece gostar mais da sua nova vida e chega até mesmo a pensar em desistir de continuar exercendo o serviço para o qual eles foram enviados para os EUA.
A rotina dos russos ganha um tempero extra com a chegada de um novo vizinho, Stan (Noah Emmerich), um agente da contrainteligência do FBI. Stan é casado com Sandra (Susan Misner), com quem tem um filho, Matthew (Daniel Flaherty). Logo que tomam conhecimento da profissão de Stan, Philip e Elizabeth tratam de estreitar os laços com a sua família, já que ali poderia ser mais um meio para obtenção de informações. Essa perigosa relação me fez lembrar dos eventos envolvendo Walter White e Hank, em Breaking Bad. Embora o tema central seja a espionagem, o enredo de The Americans também explora questões relacionadas a dramas familiares: ao longo dos treze episódios, as duas famílias lidam com problemas decorrentes do casamento e compartilham entre si alguns detalhes sobre os desafios de viver junto com outra pessoa.
Enquanto Stan está conseguindo obter dados secretos de Nina (Annet Mahendru), uma funcionária da embaixada russa em Washington, Philip passa a desenvolver um relacionamento com Marta, uma secretária que também trabalha na contrainteligência do FBI; resta saber até que ponto cada um conseguirá manter os seus planos. Paralelamente a isso, o casal russo precisa lidar com uma série de problemas em solo estadunidense, momento em que mostram mais uma de suas habilidades: a criação de disfarces. Para não serem reconhecidos por outras pessoas, Elizabeth e Philip mudam constantemente suas aparências na medida em que lidam com determinadas pessoas. Como estão na linha de frente, são eles que assumem os maiores riscos da operação.
Considerações finais
Criada por Joe Weisberg, a série do FX apresenta uma proposta narrativa extremamente bem desenvolvida e rica em detalhes. The Americans faz uso de alguns fatos reais, como o tiro levado por Ronald Reagan, para contar a sua história de ficção. A série entrega uma excelente caracterização de época e utiliza muito bem os recursos técnicos para criar um ar de tensão. O elenco, no geral, desempenha boas atuações, ficando os maiores destaques com Matthew Rhys e Keri Russell, que dão vida ao carismático casal russo.
A atração não tem pressa em caminhar com sua história, há uma preocupação maior em deixar tudo muito bem claro para o espectador para, só então, seguir adiante com a narrativa. Isso vai desde a contextualização dos fatos até o desenvolvimento mais profundo de personagens secundários. Conforme vamos avançando, a trama se torna cada vez mais interessante. O episódio final, o melhor da temporada, conseguiu aumentar minhas expectativas para a continuação da série.
Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo
Veja mais sobre The Americans:
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