Análise da série Sons of Anarchy (4ª temporada)
Atenção! O texto a seguir contém spoilers da terceira temporada de Sons of Anarchy.
Caramba! Eu não sei vocês, mas eu não estava preparado para aquele final da terceira temporada. Enquanto Stahl (Ally Walker) pensou que estava colocando Jax (Charlie Hunnam) em uma situação delicada, ao revelar para Clay (Ron Perlman) e os outros que ele tinha firmado um acordo secreto com ela, na verdade tudo o que Jax fez tinha sido previamente combinado com os integrantes do clube. Além disso, SAMCRO também preparou uma surpresinha para a agente federal, o que significou o fim da linha para ela. Isso, no entanto, não impediu que Jax, Clay, Juice (Theo Rossi), Tig (Kim Coates), Happy (David Labrava) e Bobby (Mark Boone Junior) ficassem presos por 14 meses, devido a acusações federais de porte de arma.
Ao serem libertados, Clay e seus companheiros de presídio se deparam com um cenário bem diferente em Charming: Hale (Jeff Kober) ganhou a eleição para prefeito e o xerife Roosevelt (Rockmond Dunbar) assumiu o controle do departamento de polícia local. Além dos dois, também temos a figura de Lincoln Potter (Ray McKinnon), um excêntrico assistente da promotoria que está investigando SAMCRO e as atividades ilegais com as quais o clube está envolvido. Depois que um de seus homens infiltrados foi morto, Lincoln começa a atormentar a vida de Juice, ameaçando expor detalhes do seu passado que poderiam comprometer a sua permanência no motoclube.
Clay é alguém que pensa mais em si próprio do que no bem maior da organização que ele comanda. Isso fica bem claro nessa temporada, seja pelos atos que ele pratica no presente ou por aquilo que ele fez no passado. Com a sua artrite piorando, o personagem percebe que a sua passagem pelo clube está entrando na reta final. Sem consultar os outros membros, Clay fecha um acordo com os Mayans e o Cartel de Galindo, este último liderado por Romero (Danny Trejo), o que obriga SAMCRO a realizar o transporte da cocaína do cartel, que posteriormente seria embalada e comercializada pelos Mayans. O alto retorno financeiro oriundo desse negócio garantiria uma vida tranquila para Clay após a sua aposentadoria.
Ao saber desses fatos, Jax, assim como a grande maioria do clube, não vê com bons olhos a negociação. Para que a nova empreitada seja aprovada, Clay precisa do apoio do seu vice-presidente. Nesse momento, Jax vê uma oportunidade para firmar um acordo secreto com seu padrasto: ele só votaria a favor das drogas se pudesse sair do clube quando Clay deixasse a presidência. Agora pai de dois filhos, Jax não quer manter esse estilo de vida para sempre; ele e Tara (Maggie Siff) já conversaram sobre recomeçar a vida em outro lugar, bem longe de todos os problemas de Charming. Enquanto isso não acontece, tudo o que eles não vão ter é paz, já que o clube acaba caindo no meio de uma guerra entre os cartéis Galindo e Lobo Sonora.
Embora a questão das drogas cause uma divisão em SAMCRO, o maior problema são os fantasmas do passado, que podem gerar estragos ainda maiores. Antes de o clube deixar Belfast, Maureen Ashby (Paula Malcomson) colocou no meio das coisas de Jax as cartas que John Teller havia enviado para ela. Os seus conteúdos são mais do que simples mensagens de amor, em uma delas J.T. revela o temor de Clay e Gemma (Katey Sagal) estarem tramando a sua morte. As desavenças com Clay e a traição de sua esposa também ganham espaço nos textos. Tara leu tudo o que estava escrito, mas como isso causaria ainda mais discórdias, ela decide não repassar para Jax as cartas de seu pai.
Gemma descobre a existência do material quando encontra com o seu neto um bilhete assinado por Maureen. Temendo o que os escritos de John poderiam revelar, Gemma tenta a todo custo ter acesso às cartas. Outros personagens que também tomam conhecimento das correspondências são Unser (Dayton Callie), Clay e Piney (William Lucking). Piney não estava contente com a ideia de SAMCRO transportar drogas e vê aí uma oportunidade para pressionar Clay a desistir do negócio. Já Unser, que estava levando uma vida extremamente deprimente após ter deixado a polícia local, acaba sendo um fiel escudeiro para Gemma, além de agir para tentar evitar que sangue seja derramado por conta dessa história. Fato é que esse arco narrativo ganha ótimos desdobramentos e se consagra como um dos melhores momentos da série até agora.
Considerações finais
O quarto ano de Sons of Anarchy entrega para o público um enredo eletrizante e repleto de fatos marcantes. Durante os quatorze episódios, a trama da série criada por Kurt Sutter faz um paralelo de como um evento do passado em muito se assemelha com aquilo que está acontecendo agora. Anos atrás, quando ainda estava vivo, John Teller foi contrário ao ingresso do clube no contrabando de armas. Agora, a instituição que ele ajudou a fundar começa a atuar no mercado das drogas, algo que era até então combatido pelo clube. Curiosamente, Clay é uma peça central nesses dois casos e se consagra como um dos personagens mais desprezíveis que eu já vi. Estando cada vez mais isolado, ele toma atitudes questionáveis e depois não é capaz de lidar com as consequências.
A investigação contra o clube e o surgimento das cartas de John vira tudo de cabeça para baixo, ocasião em que vemos os personagens lidando com situações extremamente delicadas. Além disso, o envolvimento com o cartel mexicano traz consigo novas responsabilidades e riscos para o clube. Com uma realidade muita das vezes propositalmente manipulada, ações são tomadas no calor da emoção. O excelente elenco contribui muito para o elevado grau de qualidade, é impressionante como os atores conseguem transmitir, apenas com olhares, as sensações de seus personagens. Estou muito curioso para saber como as coisas caminharão daqui para frente e torço para que a série consiga manter esse grau de intensidade nas próximas temporadas.
Nota
★★★★★ – 5 – Excelente
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