Análise do filme Army of the Dead: Invasão em Las Vegas
Dois meses após o lançamento do aguardado Snyder Cut, o diretor Zack Snyder está de volta com um novo longa-metragem, desta vez desenvolvido em parceria com a Netflix. Totalmente diferente de Liga da Justiça, Army of the Dead (Army of the Dead: Invasão em Las Vegas, no Brasil) tem como ponto central uma infestação de zumbis na cidade de Las Vegas. Apesar de nos últimos anos terem sido lançadas várias atrações apocalípticas envolvendo os mortos-vivos, o filme de Snyder consegue criar algo novo para o subgênero.
A história começa com um acidente envolvendo o carro de um casal recém casado e um comboio militar. Os veículos do exército dos Estados Unidos estavam fazendo a escolta de algo secreto, nem mesmo os soldados tinham conhecimento do que estava sendo transportado. Com a colisão, uma grande caixa metálica cai no asfalto e tem a sua porta aberta. Comunicando o ocorrido via rádio, a ordem imediata era para que todos deixassem o local. Antes que qualquer ação pudesse ser tomada, um zumbi (Richard Cetrone) sai de dentro do compartimento e faz dos militares as suas primeiras vítimas. A imagem de Las Vegas iluminada indicava que aquele seria o destino dos mortos-vivos.
Ao contrário de outras produções, em Army of the Dead a disseminação dos zumbis foi controlada e a cidade de Las Vegas foi totalmente isolada. Não fica claro como isso foi possível, já que o exército estava fracassando na tentativa de eliminar as criaturas enquanto elas se espalhavam pela metrópole, conforme é retratado logo no começo do longa. Fato é que fora dos muros, que foram construídos com o auxílio de containers, as pessoas seguem com suas vidas normalmente. Para acabar com qualquer tipo de ameaça, o Congresso dos EUA aprovou um decreto presidencial que autoriza o lançamento de uma bomba nuclear de baixo impacto na cidade. Tal ato irá acontecer dentro de quatro dias.
Diante desse fato, Bly Tanaka (Hiroyuki Sanada), dono de um dos cassinos do município, procura o ex-soldado Scott Ward (Dave Bautista) para lhe propor um negócio muito lucrativo. Já tendo sido ressarcido pela seguradora, no cofre do seu empreendimento existem duzentos milhões de dólares, quantia totalmente livre de impostos. Caso Ward conseguisse retirar o dinheiro de lá, ele ficaria com um quarto do valor. A operação precisaria ser executada antes do lançamento da bomba, o que significa que o prazo é extremamente curto. Concordando com os termos apresentados, Ward vai atrás da mecânica Maria Cruz (Ana de la Reguera) e do militar Vanderohe (Omari Hardwick), duas pessoas com quem ele já trabalhou anteriormente. Também são recrutados a piloto Marianne Peters (Tig Notaro), o influenciador digital Mikey Guzman (Raúl Castillo) e o alemão arrombador de cofres Ludwig Dieter (Matthias Schweighöfer). A equipe ainda passa a ser composta por Martin (Garret Dillahunt), o chefe de segurança de Tanaka, e Chambers (Samantha Win), que foi convocada por Guzman.
A filha de Ward, Kate (Ella Purnell), trabalha no campo de quarentena montado nas redondezas de Las Vegas. Os dois não possuem uma relação muito boa, mas a operação acaba os unindo, principalmente quando Kate percebe que sua amiga havia entrado na cidade. Outro nome importante para o início da operação é Lily (Nora Arnezeder), conhecida por levar pessoas para o interior da cidade. As duas também passam a fazer parte da equipe, cujo último integrante é Cummings (Theo Rossi), um guarda da segurança convidado por Lily instantes antes deles entrarem na área isolada. Esses últimos acontecimentos deixam algumas coisas claras para a progressão do enredo: Cummings seria útil para algo e Kate tem um objetivo que destoa do plano original. A filha de Ward não vai ser a única que sairá do script, existe outro personagem que também tem intenções secundárias, mas eu não vou revelar quem é.
Além de um tigre zumbi, a área cercada por containers guarda outras surpresas. Existem duas classes de zumbis, os trôpegos e os alphas, sendo ambas controladas pelo morto-vivo que estava sendo transportado pelos militares. Durante o filme não fica muito claro como essa divisão ocorre, mas eles possuem um ecossistema organizado e conseguem se comunicar entre si. Lily parece conhecer um pouco sobre as criaturas, mas ela não tem respostas para todos os questionamentos que surgem. Os diferentes tipos de zumbis é um aspecto interessante da obra de Snyder, mas infelizmente ele não é muito explorado.
Gostaria de também destacar uma cena específica do filme que pode sugerir que os personagens estão em um loop temporal. A teoria surge quando Vanderohe faz um comentário ao ver alguns corpos mortos. Seria isso uma brincadeira feita pelo diretor ou uma constatação de fato? É algo que provavelmente descobriremos no futuro, caso o longa-metragem ganhe uma sequência. O final aberto sugere que a história não foi finalizada, resta saber se a Netflix vai bancar uma continuação.
Considerações finais
Os primeiros minutos de Army of the Dead são realmente muito bons! Temos a ótima cena inicial com o acidente que liberta o zumbi, seguida de uma apresentação muito legal dos personagens ao som de Viva Las Vegas. O filme começa a desandar quando os personagens colocam o plano em ação, momento em que alguns detalhes do enredo são mal explorados. No momento em que o grupo estava se deslocando para o cassino, um dos personagens é cercado pelos zumbis e Guzman, que era a pessoa mais próxima, simplesmente não faz nada – ele fica apenas observando a desgraça acontecer. Quando Guzman resolve agir, já era tarde demais. Os personagens estavam em uma corrida contra o relógio, mas alguns deles parecem esquecer no que estão envolvidos e simplesmente param suas atividades para discutir. Além disso, temos um final que é difícil de aceitar, tendo em vista os eventos que o precederam.
O tempo gasto com coisas sem grande relevância poderia ter sido utilizado para deixar certas partes da história mais claras. Como exemplo, cito o acampamento existente na zona de quarentena: até entendo a sua função como crítica social, mas o fato é que ele acrescenta muito pouco para a história. É verdade que o longa não foi feito para ser levado totalmente a sério, o seu próprio enredo revela que a atração tem uma pegada descompromissada, mas isso não é justificativa para ignorar o que foi mencionado anteriormente. O elenco consegue criar personagens divertidos e cativantes, mesmo tendo um roteiro com pouquíssima profundidade. Apesar das falhas, é louvável a intenção de Zack Snyder de fugir da mesmice vista no subgênero de zumbis. Finalizo destacando a bela fotografia e a ótima trilha sonora.
Nota
★★★☆☆ – 3 – Bom
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