Análise do filme Rua do Medo: 1666 – Parte 3
Atenção! O texto a seguir contém spoilers do filme Rua do Medo: 1978 – Parte 2.
Depois de acompanharmos fatos ocorridos em 1994 e 1986, o capítulo final da trilogia de filmes dirigida por Leigh Janiak, inspirada nas obras de R. L. Stine, chega com a missão de colocar um ponto final na história da bruxa que há tantos anos vem amaldiçoando e manchando a imagem de Shadyside. Rua do Medo: 1666 – Parte 3 (Fear Street Part Three: 1666, no original) reserva boa parte da sua duração para explorar a história de Sarah Fier (Elizabeth Scopel), detalhando o que aconteceu com ela antes de sua morte.
O filme inicia dando sequência imediata aos acontecimentos retratados pelo seu antecessor. No momento em que Deena (Kiana Madeira) reúne a mão de Sarah com o que sobrou do seu cadáver, passamos a presenciar, junto com a jovem, os eventos que antecederam o enforcamento da bruxa. O interessante é que Deena passa a ver tudo de uma forma tão intimista que parece que era ela mesma quem estava vivenciando aquilo que é retratado. Essa foi a forma que Sarah encontrou para mostrar o que realmente havia acontecido.
Os personagens que aparecem na visão de Denna são interpretados por atores que participaram dos dois primeiros longas. Se por um lado a presença de rostos conhecidos por Denna faz muito sentido para a proposta apresentada, por outro, a figura dos jovens que estavam no Acampamento Nightwing não se encaixa muito bem, já que ela nunca os conheceu daquela maneira, sem contar que muitos foram mortos em 1978. De qualquer forma, não posso negar que foi legal rever os atores já conhecidos desse universo novamente em ação, é uma pena que Sadie Sink apareça tão pouco.
A história retratada no ano de 1666 é ambientada em um vilarejo que hoje corresponde às áreas das cidades de Sunnyvale e Shadyside. Eram outros tempos, com costumes bem diferentes daqueles vistos no final do século XX. Quando os jovens da comunidade decidem realizar uma festa após o pôr do sol, Sarah e suas amigas, Hannah (Olivia Scott Welch) e Lizzie (Julia Rehwald), decidem ir até a casa da viúva Mary (Jordana Spiro) para pegar alguns frutos. Como não havia ninguém no local, enquanto vasculhavam a cabana Sarah encontra um livro de feitiçaria e lê alguns trechos, mas é interrompida quando a viúva aparece. Mais tarde, ao comerem os frutos, todas as garotas se divertem bastante durante a festividade.
Dias depois, coisas estranhas começam a acontecer e os moradores passam a desconfiar que uma força sombria e maléfica estava atuando no local. O culpado precisava pagar por todos os males que estava causando. Como não havia muitas opções, as suspeitas de bruxaria rapidamente ganham força entre as pessoas. É nesse ponto que Sarah e Hannah viram destaque, já que as duas foram vistas se beijando algumas noites atrás. Diante desse ato, não restavam dúvidas, as duas tinham que ser as culpadas. O desenrolar dessa história é surpreendente e se encaixa perfeitamente com tudo o que foi construído nos filmes anteriores. Sarah chega a ter mais medo dos seus vizinhos do que da presença demoníaca, algo interessante para refletirmos sobre as ações humanas.
Agora entendendo o que aconteceu no passado e como a maldição iniciada em 1666 vem atingindo Shadyside por diferentes gerações, Denna descobre o que é necessário fazer para salvar Sam (Olivia Scott Welch) e quebrar a sequência de eventos trágicos. A partir desse ponto, passamos a acompanhar a execução de um plano objetivando colocar um ponto final em toda essa história. A trama da trilogia é encerrada de uma forma simples, mas satisfatória, e ainda deixa um gancho para eventuais continuações, algo que pode passar despercebido se você abandonar o filme quando os primeiros nomes começarem a aparecer nos créditos finais.
Considerações finais
Dividido em duas partes, o último longa-metragem da trilogia Rua do Medo busca oferecer diferentes tipos de abordagens. Com uma paleta de cores seca, acompanhamos inicialmente os eventos ocorridos em um pequeno vilarejo do século XVII. Essa parte tem como principal destaque o ocultismo e a caça às bruxas, além de um evento macabro envolvendo crianças. A caracterização de época, no entanto, deixa um pouco a desejar. Posteriormente, somos transportados para o ano de 1994, quando o primeiro filme ganha a sua segunda parte. Essa alternância funciona muito bem para a franquia como um todo, mas isoladamente ela representa uma grande quebra de ritmo para a película. Os tons vibrantes e o cenário do shopping retornam, junto com alguns breves momentos de slasher.
A pegada mais dramática, a falta das constantes perseguições e a ausência de um grande número de assassinatos fazem com que o filme seja ligeiramente diferente dos seus predecessores. Apesar da mudança de estilo, em termos narrativos Rua do Medo: 1666 – Parte 3 amarra todas as pontas soltas que foram deixadas pelas duas primeiras partes. Algumas explicações são dadas de uma forma muito rápida, principalmente na reta final, algo que poderia ter sido melhor explorado. É um longa divertido de assistir, mas depois de tudo o que foi construído em Rua do Medo: 1978 – Parte 2, é inegável que o resultado final não mantém o mesmo padrão de qualidade.
Nota
★★★☆☆ – 3 – Bom
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