Análise da série Sons of Anarchy (6ª temporada)

Atenção! O texto a seguir contém spoilers da quinta temporada de Sons of Anarchy.
Bobby (Ryan Hurst) até tentou equilibrar as coisas, mas Jax (Charlie Hunnam) encontrou uma nova forma para se vingar de Clay (Ron Perlman), incriminando-o pelo assassinato de Damon Pope (Harold Perrineau). Isso tornaria Clay um alvo fácil na penitenciária, motivo pelo qual Bobby decide deixar o seu cargo de vice-presidente de SAMCRO. Quem passa a assumir o posto é Chibs (Tommy Flanagan), que também será um importante conselheiro para o filho de Gemma (Katey Sagal), além de sempre tentar transmitir calma para o clube nos momentos de maior tensão. Como Jax continua estourado e bastante impiedoso, ter alguém mais sereno ao seu lado é importante. Isso, no entanto, não impede Chibs de dar um chega para lá no presidente quando é necessário.
Após ter entregue para Otto (Kurt Sutter) o crucifixo que foi utilizado na morte da enfermeira, Tara (Maggie Siff) é outra personagem que também frequenta o ambiente prisional. No final da temporada passada, tudo levava a crer que Gemma é quem havia entregado a médica para a polícia, mas na verdade a ação partiu de Lee Toric (Donal Logue), um agente federal aposentado. Embora não esteja mais na ativa, Lee utiliza toda a influência que ainda lhe resta para tentar punir os responsáveis pela morte de sua irmã. No entanto, os meios controversos para obtenção de informações podem comprometer o seu plano a qualquer momento. Lee parece não ter muita noção de onde está se metendo e é uma pessoa tão desprezível quanto aqueles que ele estava tentando punir.
Toda essa situação mexe muito com Tara, que começa a pensar cada vez mais no futuro de sua família. Vale lembrar que ela já manifestou, no passado, o desejo de deixar Charming para tentar ter uma vida mais tranquila em outro lugar. Temendo voltar a frequentar a prisão quando o seu caso for a julgamento, o principal objetivo de Tara passa a ser garantir a segurança dos filhos na eventualidade do pior acontecer. Com isso, ela e Wendy (Drea de Matteo) passam a trabalhar juntas para enganar Gemma, enquanto a advogada Ally Lowen (Robin Weigert) cuida de toda a papelada. Em resumo, Tara acredita que, na sua ausência, Wendy é a melhor pessoa para cuidar de seus filhos. Para que tudo dê certo, a médica também está se divorciando de Jax, que não faz a mínima ideia disso. Planejando tudo muito bem, Tara executa a parte mais ousada do seu plano no sétimo episódio, pegando Gemma de surpresa. O embate entre as duas é um dos pontos mais importantes do sexto ano de Sons of Anarchy.
Enquanto Jax cria estratégias para retirar SAMCRO do comércio de armas, um atentado em uma escola católica coloca ele e seus comparsas em alerta. O filho problemático da namorada do primo de Nero (Jimmy Smits) foi morto após iniciar um tiroteio no ambiente estudantil; a arma utilizada, uma KG-9s, havia sido importada pelo IRA e era distribuída na região pelo motoclube. Assumindo o caso, a promotora Patterson (CCH Pounder) promete ser implacável com quem permitiu que uma criança tivesse acesso a uma arma tão mortal como aquela. Alguém ou alguma gangue precisava levar a culpa pela morte das quatro crianças, era preciso dar uma resposta para a sociedade. Muito mais esperta que Stahl (Ally Walker), Lincoln Potter (Ray McKinnon) e o próprio Toric, Patterson vai tentar pressionar o clube de todas as formas, o que inclui assumir o caso em que Tara está sendo acusada de homicídio.
Mesmo preso, Clay é um personagem que desperta o interesse de muitos. Conseguindo proteção de Toric e posteriormente de Patterson, o ex-presidente de SAMCRO fica isolado no presídio e frustra completamente o plano que August Marks (Billy Brown) tinha para matá-lo. Essa proteção não foi oferecida de forma gratuita, o objetivo era convencer Clay a delatar sua antiga organização. Com o plano de SAMCRO de sair do negócio das armas, o IRA quer que o padrasto de Jax continue distribuindo o armamento na região, evitando que os chineses assumam o controle da área. Desta forma, Clay passa a ser novamente uma peça importante para os interesses do clube. O arco envolvendo o comércio das armas acaba tendo desdobramentos surpreendentes, já que existem muitos interesses em jogo. Jax, Chibs e os demais vão precisar enfrentar uma série de questões enquanto tentam efetivamente deixar o negócio.
Na tentativa de legalizar os empreendimentos do clube, Jax começa a trabalhar com Nero na expansão do serviço de acompanhantes Diosa Norte. Tudo começa quando o clube decide colocar fim em um estúdio que realizava gravações pornográficas com tortura e estupro. Controlado por iranianos, a captação das imagens era feita nas docas de Stockton, região controlada pelo ex-policial Charles Barosky (Peter Weller). Depois que um tiroteio acontece no local, os membros de SAMCRO são levados até Barosky, que não tinha conhecimento da operação. Combinando o que fariam com o estúdio, o ex-policial também pede para que Jax e Nero ajudem Colette (Kim Dickens), uma amiga sua, a conseguir uma licença para legalizar um serviço de acompanhantes. Isso faz com que um pequeno mal entendido dê origem a uma expansão para Diosa. Nesse processo, Colette passa a ser mais do que uma sócia, demonstrando a fragilidade do relacionamento de Jax e Tara.
Considerações finais
Nem Jax nem seus companheiros imaginavam que abandonar o tráfico de armas seria algo tão complicado… A expectativa era que o clube finalmente pudesse ter alguns momentos de paz, algo tão desejado por Tara, mas o resultado prático acaba sendo um enorme derramamento de sangue. Como a decisão tomada por SAMCRO é algo que afeta várias organizações na região, os personagens secundários assumem uma grande importância no enredo e ditam o rumo de acontecimentos marcantes. O jogo de liderança e poder se torna algo muito complexo, exigindo estratégias cada vez mais elaboradas. As reviravoltas constantes deixam a narrativa extremamente dinâmica.
Do outro lado, temos uma mãe completamente desesperada para proteger sua família, que tem como principal obstáculo a sogra, que também é a avó de seus filhos. Todos esses anos de convivência com Gemma fizeram com que Tara aprendesse a ter uma visão mais ampla das coisas. Se precavendo de possíveis desdobramentos, a médica decide arriscar a própria vida em prol de um futuro melhor para seus filhos. O que vemos no decorrer da temporada é um belíssimo trabalho de Maggie Siff e Katey Sagal, que transmitem muito bem toda a carga emocional de suas personagens. Esse conjunto de fatores convergem para o desfecho de temporada mais impactante que Sons of Anarchy já apresentou.
Nota
★★★★★ – 5 – Excelente
Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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