Análise da série The Americans (6ª temporada)
Atenção! O texto a seguir contém spoilers da quinta temporada de The Americans.
Desde que comecei a assistir The Americans, sempre tive enorme curiosidade em saber qual seria o destino de Philip (Matthew Rhys) e Elisabeth (Keri Russell). Ao longo das cinco temporadas, o casal de agentes da KGB passou por altos e baixos, mas apesar de todos os problemas, eles ficaram juntos e nunca hesitaram em cumprir uma missão. Além de ser um trabalho extremamente arriscado, é preciso ter muitas habilidades e um psicológico forte o suficiente para conseguir seguir em frente.
A sexta e última temporada inicia com um salto temporal de três anos, estamos agora em 1987 e algumas coisas estão diferentes. Philip realmente parou de trabalhar para a KGB e agora cuida exclusivamente da sua agência de viagens. Mesmo tendo muito mais tempo disponível, o negócio está enfrentando seu pior momento: depois de ter feito uma expansão, as expectativas não foram atingidas e Philip vê suas dívidas aumentarem cada vez mais, o que pode afetar o futuro de Henry (Keidrich Sellati) na escola em New Hampshire. Paige (Holly Taylor) entrou para a faculdade e está sendo preparada para se tornar uma agente soviética. Elisabeth segue trabalhando para a KGB, mas o serviço aos poucos está acabando com ela; fumando cada vez mais e sem ter paciência para conversar com o próprio marido, ela atinge o seu limite, mas é incapaz de abandonar o trabalho.
Na casa da frente, as coisas também estão um pouco mudadas. Stan (Noah Emmerich) deixou a divisão de contrainteligência e agora trabalha em outro setor do FBI. Apesar da transferência, ele segue colaborando com Denis (Brandon J. Dirden), o novo chefe da contrainteligência, em um caso que eles trabalharam juntos no final da quinta temporada. O agente se casou com a misteriosa Renee (Laurie Holden), com quem aparentemente vive bem. Devido a uma série de acontecimentos, Stan passa a frequentar o seu antigo local de trabalho com certa frequência e ajuda Denis a lidar com os problemas que aparecem.
Na Rússia, Oleg (Costa Ronin) deixou de vez a KGB e agora trabalha para o seu pai no Ministério do Transporte. Ele se casou e é pai de um filho de um ano. Já Arkady (Lev Gorn), ex-líder da rezidentura nos Estados Unidos, possui um cargo importante na Diretoria S. Os dois começam a trabalhar juntos novamente quando Arkady procura Oleg para lhe informar que a KGB está sendo administrada por pessoas que não apoiam Gorbachev, o presidente da URSS, e as mudanças que ele quer implementar. Ao descobrir que um general da Força Estratégica de Mísseis entrou em contato com uma agente ilegal nos EUA, Arkady pede que Oleg vá extraoficialmente ao país norte-americano e averigue o que a KGB está planejando. Para isso, ele deve se encontrar com Philip e pedir para que ele descubra no que sua esposa está trabalhando e, se necessário, a detenha.
Tendo um encontro no México com um general da Força Estratégica de Mísseis, Elisabeth toma conhecimento do projeto “mão morta” (um dispositivo nuclear controlado por computadores e que destruiria os EUA no caso de um eventual ataque) e o plano para derrubarem Gorbachev se ele trocar, na cúpula sobre armas que acontecerá em algumas semanas em Washington, o programa russo pelo “Star Wars” dos americanos. Acontece que o “mão morta” ainda não está pronto e eles precisam de algumas tecnologias estadunidenses para concluí-lo, momento em que Elisabeth passa a ter uma grande importância para a missão. Como se trata de uma operação ultra secreta, ela não pode compartilhar os detalhes com ninguém, nem mesmo os integrantes da Central e seu marido podem saber no que ela está envolvida.
Apesar de ser um pouquinho menor que as outras temporadas, contando desta vez com dez episódios, o ritmo inicial do sexto ano nem parece ser o de uma série que está caminhando para sua conclusão. Seguindo a tarefa que lhe foi dada, Elisabeth entra em ação junto com uma equipe, da qual a filha faz parte. Embora participe de algumas missões, muita coisa ainda é ocultada de Paige. Com a data da cúpula ficando cada vez mais próxima, Elisabeth se sente pressionada de todos os lados e não tem sequer uma válvula de escape. O desfecho dessa parte da história é no mínimo surpreendente e bastante convincente, diria que a conclusão desse arco é digna de tudo o que Elisabeth simbolizou durante todos esses anos.
Por fim, a reta final da temporada é intensa e repleta de acontecimentos marcantes. Ouso dizer que os quatro últimos capítulos representam a melhor sequência de episódios de toda a série. Nesse instante sim dá para perceber que The Americans está caminhando para seu desfecho e cada pequeno detalhe começa a fazer grande diferença. Atitudes estranhas e linhas de diálogos inocentes acabam gerando indícios de quem Philip e Elisabeth realmente são. As peças foram dadas, basta agora montar o quebra-cabeças. O episódio final, com duração de setenta minutos, concluiu a história de forma magistral, mantendo o padrão de qualidade visto ao longo das seis temporadas. As escolhas dos roteiristas me deixaram satisfeito e de certa forma até surpreso.
Considerações finais
Unidos em prol do trabalho, Philip e Elisabeth começam realmente a gostar um do outro depois de já estarem vivendo juntos por anos. Esse mesmo trabalho fez com que eles tivessem uma relação extremamente conturbada com os filhos: Elisabeth, por exemplo, demonstra ter pouquíssima afinidade com Henry e é incapaz de desenvolver um diálogo atrativo com o filho nas duas vezes em que eles conversaram por telefone. Os Jennings não possuem parentes próximos e não foram capazes de construir uma base forte dentro da própria casa, e isso reflete no destino final da família.
Criado por Joe Weisberg, o drama de espionagem ambientado na guerra fria sempre soube conduzir muito bem a sua história; por mais que tenha adotado um ritmo mais lento de desenvolvimento em quase todas as temporadas, a escolha desse tipo de abordagem acabou não sendo prejudicial graças ao elevado padrão de qualidade da narrativa. Ambientação, direção e interpretação dos atores sempre foram pontos de destaque, e não é diferente na temporada final de The Americans.
Nota
★★★★★ – 5 – Excelente
Veja mais sobre The Americans:
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