Análise da série Succession (1ª temporada)

Logan Roy (Brian Cox) é proprietário da Waystar Royco, um dos maiores conglomerados de mídia do mundo. Dentre os quatro filhos, Kendall (Jeremy Strong) é o único que trabalha na companhia e parece ter o voto de confiança do pai para em breve assumir o controle dos negócios. No entanto, no dia do seu aniversário de oitenta anos, Logan revela que não pretende deixar o controle da Waystar, frustrando completamente os planos de Kendall e o deixando envergonhado na frente de seus irmãos. Além disso, o milionário quer que os filhos assinem um documento que permitirá que sua atual esposa, Marcia (Hiam Abbass), tenha dois votos na assembleia que escolherá o seu sucessor. Esse fato logicamente não é bem recebido por Kendall, Roman (Kieran Culkin), Connor (Alan Ruck) e Shiv (Sarah Snook), que ficam extremamente preocupados com as decisões que o pai está tomando.
Mais tarde, depois de todos se reunirem para um jogo de softball, Logan sofre um acidente vascular cerebral quando voltava para casa de helicóptero. No momento do ocorrido, ele estava conversando com Shiv e Roman, que eram os que apresentavam as maiores resistências ao seu plano, já que Connor afirmou que concordaria com o que fosse decidido pelos irmãos e Kendall, confiando no pai, assinou o documento sem saber qual era o seu conteúdo. Agora, com Logan internado no hospital, a família precisa agir rapidamente para evitar que esse trágico evento afete profundamente a empresa. Entretanto, a falta de união entre os Roys faz com que eles demorem mais do que o necessário para decidir quem será o responsável por conduzir a companhia interinamente.
No meio de toda essa confusão, Greg (Nicholas Braun), o sobrinho-neto de Logan, recebe alguns pedidos de favores, mas dois deles são conflitantes, o que significa que ele precisará escolher qual irá cumprir. Demitido recentemente do seu emprego em um dos parques de diversão da Waystar, Greg havia comparecido no aniversário do seu tio avô com o único intuito de tentar conseguir um novo trabalho. Ao longo da temporada de estreia de Succession, ele se torna muito próximo de Tom (Matthew Macfadyen), noivo de Shiv, para quem acaba realizando um trabalho não muito honesto: apagar provas de um possível escândalo envolvendo os cruzeiros da empresa. Greg é um dos personagens mais legais da série e geralmente as cenas em que ele está envolvido são acompanhadas de uma certa carga de humor. Embora pareça ser um bobão, ele rapidamente percebe o jogo de interesses que existe entre os seus familiares e tenta encontrar formas para conquistar o seu espaço.
Enquanto se inteirava de tudo o que estava acontecendo na empresa, Kendall toma conhecimento de uma situação que pouquíssimas pessoas sabiam: anos atrás, seu pai havia contraído um empréstimo de US$ 3 bilhões, valor que poderia ser requisitado pelo credor caso os papéis da Waystar tivessem um desempenho ruim na bolsa de valores, o que estava acontecendo naquele momento. Percebendo que a família corria sérios riscos de perder a companhia, Kendall recorre a um velho amigo e consegue resolver, por ora, essa questão. Quando se recupera, Logan demonstra não ter gostado do movimento feito pelo filho, mas a verdade é que qualquer ação que Kendall tomasse seria criticada pelo pai.
Retornando ao ambiente corporativo, Logan quer colocar em prática um plano de aquisição de redes de TV locais, fazendo com que questionamentos sobre a sua capacidade de administrar a empresa comecem a surgir, principalmente depois que ele tomou uma atitude inusitada no jantar do dia de ação de graças. A forma com que Logan trata seus filhos desperta neles um sentimento vingativo e alguns decidem enfrentá-lo com as armas que dispõem. Um plano para tentar removê-lo do comando da companhia começa a ser arquitetado, ao mesmo tempo que Shiv passa a trabalhar para um senador que é um inimigo público de seu pai.
A cada episódio percebemos o quão conflituoso é o relacionamento da família Roy, a ponto de Logan chegar a utilizar um de seus veículos de mídia para espalhar uma notícia falsa sobre um dos filhos, explorando uma questão delicada como a dependência química. Isso não chega a ser uma surpresa, visto que o personagem se mostra ser uma pessoa desprezível em vários momentos. A falta de gentileza, o vocabulário chulo e a ausência de empatia dizem muito sobre os Roys: com visões extremamente individualistas, ninguém torce pelo sucesso do outro. Os únicos mais discretos são Connor e Marcia, mas não me espantaria se eles adotassem outro tipo de postura na segunda temporada.
Considerações finais
Tudo em Succession gira em torno de interesses: o que vemos no decorrer dos dez episódios são ricos brigando entre si enquanto tentam conseguir algo que lhes faça sentir bem. Lealdade e honestidade definitivamente não são valores nutridos por eles, então é bem provável que você termine a temporada não gostando de ninguém. A frieza existente nessa família é refletida na paleta de cores, que adota tons neutros e pouco vibrantes. Outra característica que também chama a atenção são os zooms constantes, que em muitas das ocasiões enfatizam os momentos de desconforto dos personagens.
Com capítulos de aproximadamente uma hora, o principal problema da série criada por Jesse Armstrong é que a história tem um desenvolvimento lento e demora para engrenar. Succession se torna realmente interessante a partir do sexto episódio, quando começamos a ver algumas ações sendo colocadas em prática pelos filhos de Logan. De qualquer forma, temos uma trama que consegue equilibrar bem os momentos de drama e humor, principalmente graças as ótimas performances dos atores. O desfecho apresentado foi surpreendente e certamente causará um grande impacto no jogo de poder existente na família Roy.
Nota 
★★★★☆ – 4 – Ótimo
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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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