Análise da série Hunters (2ª temporada)
Atenção! O texto a seguir contém spoilers da primeira temporada de Hunters.
A primeira temporada de Hunters terminou nos revelando duas informações importantes: a real identidade de Meyer e o fato de Adolf Hitler (Udo Kier) estar vivo e morando na Argentina. Conhecido como Lobo, o personagem de Al Pacino era na verdade um médico nazista que matou o verdadeiro Meyer para assumir a sua identidade e fugir dos soviéticos. Afirmando ter se arrependido de suas ações, a criação do grupo de caçadores era uma espécie de redenção, mas Jonah (Logan Lerman) não deu muito crédito para essas declarações e decidiu matá-lo. Esse fato pegou todos de surpresa, afinal, Meyer era o líder do grupo. Como ainda havia serviço para ser feito e temendo serem perseguidos pela agente Morris, os caçadores começaram a se organizar para seguir adiante com os seus trabalhos, agora no continente europeu.
A segunda temporada inicia nos apresentando uma nova personagem, Chava (Jennifer Jason Leigh), a irmã de Ruth. A cena em questão mostra a personagem na Áustria, em 1972, buscando informações sobre o paradeiro de Hitler após o fim da Segunda Guerra Mundial. Muito atenta aos detalhes, ela surpreende o proprietário de uma loja enquanto o interrogava e lhe mostra que tentar enganá-la foi uma péssima ideia. Chava posteriormente se muda para a Argentina com o intuito de matar Hitler, mas a tarefa de localizá-lo se mostra bem mais difícil do que ela esperava.
A história agora acontece basicamente em duas linhas temporais. A primeira delas, ambientada três anos antes dos eventos da primeira temporada, começa no ano de 1975 e é totalmente focada em Meyer, mostrando em detalhes como ele formou o grupo dos Caçadores. Também acompanhamos as medidas que ele toma para não ser reconhecido, principalmente quando alguém descobre que ele está fingindo ser outra pessoa. Já a segunda linha temporal se passa em 1979 e mostra como estão os personagens após os eventos finais do primeiro ano.
Adotando uma nova identidade, Jonah está noivo e atualmente vive em Paris. Depois de tentar rastrear Biff (Dylan Baker) por mais de um ano, ele finalmente o encontra em um bordel na capital francesa. Tentando evitar a sua morte, Biff lhe conta o que realmente havia acontecido com Hitler e revela que ele estava morando no Valle de los Sueños junto com a Coronel (Lena Olin), cujo nome é Eva. Ao apurar melhor essa informação, Jonah decide procurar a agente Morris (Jerrika Hinton) e, juntos, os dois reúnem novamente os caçadores para uma última missão e partem rumo à Argentina, onde acabam se encontrando com Chava. Nesse ponto é importante mencionar que Morris estava enfrentando os seus próprios problemas: ela tomou uma atitude drástica após não conseguir provar que um bispo da Igreja Católica, que atuava nos Estados Unidos, era, na verdade, um assassino e havia colaborado com o regime nazista da Lituânia.
O que mais me incomodou no segundo ano de Hunters foi a falta de desenvolvimento de alguns personagens. Joe (Louis Ozawa), por exemplo, foi capturado pelos nazistas no final da primeira temporada e levado até a Argentina. Logo percebemos que ele estava bem diferente em decorrência das experiências traumáticas às quais foi submetido. No quarto episódio Joe pratica um ato que é difícil de ser explicado, momento em que a atração deveria ter trabalhado melhor as suas motivações. Já Travis (Greg Austin), que matou o próprio advogado dentro do presídio, do nada aparece solto em uma cena um tanto quanto bizarra em uma sorveteria. Detalhes sobre a sua fuga aparecem apenas em um vídeo de conteúdo bônus, o que acho uma falha, já que ele possui uma importância na trama, sem mencionar que a cena passará despercebida por grande parte das pessoas. Além disso, temos outros estranhos acontecimentos envolvendo Travis, o que compromete a sua trajetória narrativa. Seria interessante também saber mais detalhes sobre a operação fracassada de Jonah na Espanha, algo que é mencionado várias vezes pelos personagens.
Finalizando, vou fazer um breve comentário sobre o capítulo sete, que considero ser o melhor da temporada, embora acrescente pouca coisa para a história principal. Se passando no ano de 1942, o episódio em questão é quase inteiramente focado em um casal de idosos que estava escondendo judeus em sua casa. Enquanto acompanhamos militares fazendo visitas na residência, somos surpreendidos com uma sequência de eventos trágicos. Isoladamente a história funciona extremamente bem, mas ali são gastos vários minutos que poderiam ser utilizados para aprofundar as questões que citei anteriormente, o que tornaria o enredo mais coeso e consistente.
Considerações finais
A luta contra os nazistas continua, mas dessa vez os caçadores têm um único foco: descobrir a localização de Hitler. Diferente da primeira temporada, quando tinham facilmente acesso a diversas informações, desta vez o grupo enfrenta maiores dificuldades, ao mesmo tempo que ganha novos aliados. O contato inicial com Chava não é muito amistoso, principalmente pelas circunstâncias em que ele ocorre, mas logo a irmã de Ruth conquista o seu espaço na operação e na trama. Já os eventos do passado envolvendo Meyer parecem, em grande parte, terem sido criados apenas para dar mais tempo de tela a Al Pacino.
Ao concluir a segunda e última temporada de Hunters, a sensação que fica é que a série não explorou todo o seu potencial. Faltou desenvolvimento e profundidade em algumas partes da narrativa, da mesma forma que o desfecho poderia ter sido mais marcante por tudo o que a figura de Hitler representa na história. Por outro lado, a produção do Prime Video mantém uma ambientação de época muito bem construída, conta com ótimas cenas de ação e uma boa performance do elenco. Apesar das falhas, ainda é algo divertido de ser assistido.
Nota
★★★☆☆ – 3 – Bom
★★★☆☆ – 3 – Bom
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