Análise da série The Umbrella Academy (3ª temporada)
Atenção! O texto a seguir contém spoilers da segunda temporada de The Umbrella Academy.
Após tentar, sem sucesso, evitar o apocalipse, Cinco (Aidan Gallagher) teletransportou ele e seus irmãos para o começo da década de 1960, quando a família novamente se viu envolvida em uma situação que culminaria com o fim do mundo. Ao presenciar uma batalha entre os Estados Unidos e a União Soviética, o personagem recebeu ajuda de uma versão mais velha de Hazel (Cameron Britton) e voltou dez dias no tempo para tentar mudar o rumo das coisas. A tragédia tinha relação com a morte do presidente Kennedy e colocava Vanya (Elliot Page) outra vez como causadora de tudo. Depois de lidarem com muitos problemas, inclusive com a Comissão, Cinco conseguiu levar todos de volta a 2019, mas eles acabaram parando em uma linha do tempo em que a Umbrella Academy não existia.
Assim que chegaram na casa que acreditavam ser deles, o grupo descobriu que aquele era o lar da Sparrow Academy, uma outra equipe de super-heróis criada por Sir Reginald Hargreeves (Colm Feore). Ben (Justin H. Min) é um dos seus integrantes, mas possui uma personalidade totalmente diferente. Reginald então explica que havia sido abordado por aquelas pessoas no outono de 1963, quando viajava a negócios em Dallas, e que eles alegavam ser seus filhos. Percebendo que tinha feito escolhas ruins, Hargreeves decidiu adotar outras crianças e criar uma nova equipe, agora formada por Marcus (Justin Cornwell), Ben, Fei (Britne Oldford), Alphonso (Jake Epstein), Sloane (Genesis Rodriguez) e Jayme (Cazzie David), além de um cubo telecinético de origem desconhecida chamado de Christopher. Em uma pequena disputa entre as duas famílias, Cinco e seus irmãos são dominados com certa facilidade até Vanya liberar uma explosão que coloca um ponto final nesse primeiro conflito. Sem ter um local para ficar, a Umbrella Academy decide se hospedar no Hotel Obsidian, que mais adiante passa a ter uma grande importância na trama.
Como a maleta de viajar no tempo havia sido esquecida na residência dos Sparrows, Vanya faz um acordo com Marcus para evitar que novos embates aconteçam entre suas famílias. Procurando pelo objeto, Marcus se depara com um Kugelblitz na parte inferior de sua casa, uma bola de energia formada por uma anomalia temporal, e é absorvido ao tocar nele. Grace (Jordan Claire Robbins), que agora trabalha como empregada, já havia descoberto o fenômeno e o tratava como se fosse um deus. O desaparecimento repentino de Marcus causa estranheza nos seus irmãos, que começam a desconfiar que os Umbrellas tinham algo a ver com isso. Passamos então a acompanhar novos contatos entre as duas equipes, que são marcados por ameaças e falsas promessas.
Enquanto isso, uma série de outras questões acontecem na história. Lila (Ritu Arya) também chega até essa realidade junto com Stan (Javon Walton), uma criança que ela afirma ser filho dela e de Diego (David Castañeda), razão pela qual o obriga a tomar conta dele. Já Allison (Emmy Raver-Lampman) vive um momento prolongado de lamentação por não ter encontrado sua filha e isso reflete no seu comportamento. Dentre todos os irmãos, o arco de Allison foi o que menos me chamou a atenção. Cansado de ter que salvar o mundo, Cinco afirma estar aposentado e decide acompanhar Klaus (Robert Sheehan) em uma viagem, oportunidade que descobre que as mães biológicas dele e de seus irmãos haviam morrido no mesmo dia, antes deles nascerem. Com isso, ao voltarem para 2019, a equipe criou uma anomalia temporal conhecida como “paradoxo do avô”, um fenômeno que acontece quando se perde a lógica das coisas devido a modificações no passado. Como deu para perceber, os protagonistas lidam com vários fatos ao mesmo tempo, mas infelizmente muitos deles não têm um desenvolvimento satisfatório e acrescentam pouco para a narrativa principal. Luther (Tom Hopper), por exemplo, passa praticamente a temporada inteira vivendo uma história de amor com Sloane, deixando todo o restante em segundo plano.
Nos primeiros episódios, The Umbrella Academy aborda a transição de gênero de Vanya, que passa a se identificar como Viktor. É interessante observar que embora alguns estranhem a mudança, todos a aceitam sem fazer nenhum tipo de questionamento, respeitando e entendendo que aquela era a forma com que Viktor se sentia melhor. O ator Elliot Page, que dá vida ao personagem, também passou por esse processo entre a segunda e a terceira temporada. Trazer esse tipo de representatividade para a série foi algo muito positivo e certamente teve uma grande importância para Page. Tudo isso é apenas um pequeno detalhe, já que o ponto mais relevante envolvendo o personagem é o seu reencontro com Harlan Cooper (Callum Keith Rennie), o filho de Sissy (Marin Ireland), que ficou com uma pequena parcela do seu poder. Agora bem mais velho, no quarto capítulo é revelado qual é a ligação de Harlan com tudo o que está acontecendo.
Conhecendo agora uma versão mais “calma” de seu pai, Klaus cria uma relação próxima com Reginald, ensinando-o inclusive uma tática para não engolir os remédios que os Sparrows estavam lhe dando para mantê-lo sob controle. Reginald, por outro lado, ajuda Klaus a enfrentar os seus medos e a aperfeiçoar suas habilidades, dando origem a algumas cenas bem engraçadas. Desde a primeira temporada sabemos que Reginald não é alguém confiável e ele demonstra isso mais uma vez: sem os efeitos dos medicamentos, ele coloca as suas asas para fora e toma atitudes altamente questionáveis. O lado positivo é que dessa vez podemos ter um contato maior com o personagem, o que não aconteceu nos anos anteriores.
Considerações finais
Levando-se em conta a forma com que o terceiro ano começou, imaginei que teríamos ótimas batalhas envolvendo a Umbrella Academy e a Sparrow Academy, no entanto o melhor confronto entre as duas famílias foi aquele visto no capítulo de estreia. Envolvidos mais uma vez com uma situação que resultará no fim do mundo, Cinco e seus irmãos desta vez decidem seguir uma estratégia diferente: não fazer absolutamente nada para evitar a catástrofe. É perceptível que a produção não soube lidar bem com a grande quantidade de personagens, embora alguns deles tenham sido descartados rapidamente. Se a temporada fosse menor e mais objetiva, o resultado final certamente seria melhor.
A ideia de trabalhar o lado pessoal de alguns personagens depois de todo o caos que eles viveram até parecia interessante, mas faltou uma maior conexão entre essas abordagens e o fato do mundo estar novamente prestes a acabar. Isso fez com que algumas subtramas ficassem muito isoladas, comprometendo parcialmente o desenvolvimento do enredo. O lado positivo é que as coisas melhoram na reta final e a atração consegue outra vez entregar um desfecho surpreendente, deixando mais uma vez um gancho para próxima temporada. Outro ponto de destaque é o elenco, os atores desempenham as suas melhores atuações até então.
Nota
★★★☆☆ – 3 – Bom
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