Análise da série F1: Dirigir para Viver (4ª temporada)

A temporada de 2021 certamente foi uma das mais empolgantes na história recente da Fórmula 1, dois pilotos de equipes diferentes disputaram o título até a última corrida. Depois de vários anos de soberania, a Mercedes finalmente foi desafiada por um time rival que teve um carro superior em muitas corridas. Além disso, 2021 também ficou marcado por algumas mudanças interessantes no grid. Começando pelas escuderias, as antigas Racing Point e Renault passaram a se chamar Aston Martin e Alpine, respectivamente. Também tivemos vários pilotos ocupando assentos diferentes, a chegada de três novatos (Yuki Tsunoda, Mick Schumacher e Nikita Mazepin), o retorno do bicampeão Fernando Alonso e de Esteban Ocon.
O grande destaque do ano foi a intensa batalha travada entre Lewis Hamilton e Max Verstappen pelo título mundial, os dois tiveram duelos intensos, com direito a alguns toques e abandonos. A tensão entre Mercedes e Red Bull extrapolou as pistas e contagiou ambas as equipes, que vibraram e lamentaram muito cada pequeno momento ao longo do campeonato. Também ficou evidente que a relação existente entre Toto Wolff e Christian Horner azedou de vez. Com tanta coisa envolvida, os dois times fizeram de tudo para tentar aumentar a pressão sobre o seu principal rival. Tudo isso é apenas o reflexo de como a disputa pelos mundiais de pilotos e construtores foi acirrada.
Também tivemos brigas interessantes por outras posições no campeonato. A McLaren almejava novamente terminar em terceiro lugar, mas para isso era preciso registrar mais pontos do que a Ferrari, que estava conseguindo apresentar bons resultados após o desastroso ano que o time teve em 2019. Já a quinta colocação era o principal objetivo da Alpine e da Alpha Tauri. É uma pena que essas batalhas foram abordadas apenas em alguns capítulos, não houve um balanço final mostrando o que cada uma conseguiu alcançar.
A Haas decidiu apostar em uma estratégia inédita para a categoria: colocar dois pilotos novatos para guiar os seus carros. Essa escolha trouxe algo que a equipe necessitava, dinheiro. O próprio Günther Steiner reconheceu que esse não é o caminho ideal, mas era o que eles podiam fazer no momento. Enquanto Mick Schumacher conseguiu resultados aceitáveis com o carro que tinha em mãos, Nikita Mazepin encontrou muitas dificuldades. Para se ter ideia, a primeira corrida do russo durou apenas três curvas. A falta de confiança e a pressão constante não foram elementos favoráveis para Mazepin superar essa fase. Com desempenhos tão diferentes, chegou até a surgir questionamentos se os dois veículos eram iguais.
Não é segredo para ninguém que a Fórmula 1 é um esporte em que os competidores precisam entregar resultados, afinal, existem apenas vinte assentos disponíveis. A quarta temporada de Dirigir para Viver separou alguns episódios para retratar os desafios enfrentados por alguns pilotos enquanto tentam provar a si mesmo e as equipes que merecem permanecer onde estão. O talento de Daniel Ricciardo parece ser uma unanimidade entre todos, mas o australiano viu o novato Lando Norris conseguir desempenhar uma melhor performance com o carro da McLaren. O mesmo aconteceu com Esteban Ocon e Yuki Tsunoda, esses menos experientes, mas que também queriam mostrar o seu valor. Já Valtteri Bottas tinha como missão garantir mais uma temporada na Mercedes, porém os bons resultados obtidos por George Russell com o modesto carro da Williams se tornam uma ameaça real.
Depois de não ter ganhado espaço na temporada passada, desta vez temos um episódio dedicado a Williams, oportunidade que a série rapidamente abordou a venda da escuderia ocorrida no ano anterior. Sob nova direção, o piloto de rali Jost Capito assumiu o cargo de CEO da equipe e tinha como missão traçar um plano para reerguer a Williams e torná-la competitiva a longo prazo. Para que as coisas comecem a dar certo, os pilotos George Russell e Nicholas Latifi encaram a difícil missão de conseguir somar pontos: não ficar em último no campeonato de construtores significa mais alguns milhões em premiação, dinheiro que seria muito bem-vindo nesse momento de reestruturação.
Considerações finais
Em uma temporada extremamente disputada, a série da Netflix soube abordar bem grandes momentos do campeonato envolvendo Verstappen e Hamilton, porém alguns poderiam ter tido um destaque especial, como a vitória de Max nos Países Baixos e a de Lewis no Brasil; a atmosfera nesses dois grandes prêmios foi algo impressionante. Como não poderia deixar de ser, as polêmicas decisões adotadas pela direção de prova na última corrida ganharam tempo de tela junto com as reclamações de Toto e Christian. No momento em que apenas os pilotos entre os carros 44 e 33 foram autorizados a passar o safety car, o rádio de alguns pilotos mostrou como essa decisão foi mal recebida e fugiu do que é corriqueiramente adotado na categoria.
Não consigo entender por qual motivo sempre alguma escuderia é excluída pela produção da Netflix. Na primeira temporada foi aceitável, já que Mercedes e Ferrari optaram por não participar, mas da segunda em diante fica claro que se trata de uma escolha criativa da produção. Desta vez as vítimas foram a Aston Martin e a Alfa Romeo, o que significa que a ida de Vettel para uma nova equipe e a saída de Kimi Räikkönen da F1 foram deixadas de lado. O retorno de Alonso também merecia ser abordado. Temos três campeões do mundo ignorados e quem perde é o público que acompanha a Fórmula 1. Também senti falta de mostrarem como a entrada em vigor do teto de gastos afetou o desenvolvimento dos times.
Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo
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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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