Super Mario Bros. Wonder é o começo de uma nova era
Super Mario Bros. Wonder foi lançado há pouco e já conquistou o coração dos fãs e dos críticos, revitalizando por completo a reputação dos jogos 2D do bigodudo. Hoje abordaremos os altos e baixos que levaram até esse grande título, para que possamos entender o que ele tem de tão especial. Desde o primeiro Mario para NES, que moldou o gênero de plataforma como conhecemos, a saga só cresceu. Super Mario 3 e World expandiram a fórmula clássica de maneira surreal e posteriormente a Nintendo emplacou Super Mario 64, renovando a série para o 3D e mantendo toda a essência que fez os fãs se apaixonarem pelo personagem anos atrás. Sua sequência, Super Mario Sunshine, acabou não sendo tão aclamada, mas ela encontrou o seu espaço, sendo o jogo mais vendido do GameCube. Ainda assim, a Nintendo nunca esqueceu das raízes bidimensionais do encanador e, em 2006, lançou um novo título 2D exclusivamente para o portátil Nintendo DS: New Super Mario Bros. foi o começo de uma espécie de “subfranquia” um tanto polêmica.
O primeiro jogo trazia gráficos lindos que respeitavam a estética clássica e uma gameplay refinada. Merecidamente, foi um grande sucesso, vendendo mais de 30 milhões de cópias, o que garantiu uma continuação com New Super Mario Bros. Wii, que chegou três anos depois trazendo power-ups criativos e um elogiado sistema coop. Alguns críticos falaram que ele não era muito inovador e não chegava perto da qualidade do Mario 3D da época, o aclamado Galaxy. De qualquer forma ele ainda foi elogiado e vendeu bastante, o que nos leva até 2012, com New Super Mario Bros. 2. Exclusivo de 3DS, esse título acabou não vendendo tão bem quanto o game do portátil anterior e nem agradou tanto, ficando conhecido como um jogo pouco inspirado, que não fez muito além de reciclar a divertida fórmula estabelecida na década de 80. Sua média no agregador de notas Metacritic foi 78, o que não é ruim, mas nem chega perto dos 89 do primeiro título e muito menos do impressionante 97 de Mario Galaxy 2. Com a parte 3D da franquia em alta, os lançamentos 2D, mesmo sendo divertidos, acabavam ofuscados.
No mesmo ano, o Nintendo Wii U chegou ao mercado tendo como um dos seus títulos de lançamento New Super Mario Bros. U, game que vendeu cerca de 5 milhões de cópias, metade dos números alcançados pelo seu irmão mais velho do 3DS. Era uma queda triste, mas inevitável, já que o console para o qual ele foi lançado fracassou miseravelmente. O jogo em si era acima da média: ele aprimorou o multiplayer coop, apresentou algumas fases genuinamente criativas e trouxe mudanças sutis que evoluíram a fórmula. Soava como o auge daquele estilo, mas permanecia sendo muito similar a todos os seus antecessores, levando-o a ficar na sombra de Super Mario 3D World, que oferecia mundos muito mais distintos, várias fases extras e um mini game de puzzle protagonizado pelo Toad (que até rendeu um game próprio). Enquanto todos os New Super Mario Bros. pareciam ter o mesmo visual, só mudando a resolução, 3D World foi lá, pegou a estética desses jogos e as evoluiu para serem dignas do novo console.
As pessoas ainda gostavam do estilo clássico de Mario, mas também estavam cansadas de tantos lançamentos que não chegavam ao nível de excelência dos 3D. E o Nintendo Switch já chegou trazendo um Mario tridimensional que parecia insuperável. É difícil que você nunca tenha ouvido falar de Super Mario Odyssey, jogo que concorreu ao GOTY no mesmo ano que The Legend of Zelda: Breath of the Wild – e há quem diga que deveria ter vencido. Porém, em 2023, quase no fim da vida útil do Switch, uma esperança surgiu. Alguns meses depois do longa-metragem extremamente bem sucedido, foi anunciado Super Mario Bros. Wonder, um jogo 2D inteiramente novo. Sem o título “New”, o projeto prometia ser um criativo Mario nos moldes clássicos, e foi exatamente isso que a Nintendo entregou. As novidades de Wonder já começaram pelo visual, que veio mais vibrante e animado do que nunca! Não só as cores são mais vivas, como os personagens também. Saltar e entrar num cano agora proporcionam uma animação bonitinha do Mario ou de qualquer um dos personagens que você tiver selecionado. Até os inimigos que serão mortos em segundos ficaram mais expressivos.
Para esse título, Mario deixou de lado o famoso Reino dos Cogumelos e foi se aventurar no Reino Flor, o que nos proporciona uma série de novidades inesperadas. Isso já começa com… as flores. Em quase toda fase há uma Flor Fenomenal escondida, que quando coletada muda a dinâmica do jogo, alterando a física, os inimigos e até o próprio Mario. Se prepare para esquecer muito do que aprendeu, pois Wonder é diferente em muita coisa. Sabe aquelas plantas carnívoras que você já está cansado de desviar sem nem tomar dano? Agora elas podem cantar e te perseguir. Até os canos em que você pisa podem acabar lhe enganando. Isso sem falar das fases de corrida ou das voltadas para a coleta de itens secretos. Cada nível sempre tem uma novidade incrível a oferecer. Em meio a tantas boas mudanças, houve uma bem polêmica: Charles Martinet, o clássico dublador do Mario e do Luigi, não voltou para dar voz a dupla nesse jogo. O motivo é desconhecido, mas, felizmente, seu substituto está muito bem. A voz dos irmãos com certeza ficou diferente, mas não de uma forma ruim. Os encanadores soam mais jovens, porém eles mantêm o mesmo ânimo e carisma de sempre.
E é claro, existem coisas que nunca mudam. Os power-ups continuam firmes e fortes, só que agora existem alguns mais malucos do que conseguir arremessar bolas de fogo, como virar uma broca humana ou um elefante. É, um elefante! Isso muda bastante a movimentação do personagem e deixa o combate mais interessante. Só esse upgrade já dá toda uma identidade para o Wonder, isso sem falar dos medalhões que lhe concedem habilidades especiais, como lançar um cipó para usar como grappling hook, ter um planador ou conseguir pular como uma mola. Ao longo do jogo você conquista mais e mais melhorias e vai definindo qual você irá usar em cada fase, acrescentando um fator replay nessa bela aventura. De forma geral, Super Mario Wonder é um título 2D de altíssimo nível. Ele é criativo e mais importante: acerta nas novidades. O game adiciona elementos que você consegue imaginar virando padrão em qualquer nova produção da franquia. Todo o Reino Flor cairia muito bem como palco para um novo filme e até de um jogo 3D. Novidades tão bem-vindas assim são um sonho virando realidade. New Super Mario funcionou, mas é ótimo que uma era criativa e verdadeiramente nova tenha finalmente começado.