Star Wars Outlaws é uma aventura digna dos bons filmes da saga
Ao longo de seus 47 anos de existência, a franquia Star Wars sempre destacou a eterna luta do bem contra o mal, com heróis combatendo inimigos tiranos ao longo das décadas. E sob as sombras desses grandes conflitos, o submundo do crime tinha seu espaço, servindo a diferentes interesses durante os períodos de guerra. Em Star Wars Outlaws, esse lado cinza da galáxia ganha um destaque inédito, com o jogador sendo transportado para uma rede de intrigas e corrupção que afetam profundamente a vida em vários planetas do universo.
Nos últimos dias, passei mais de 15 horas neste ambicioso título da Ubisoft. Embora ainda não seja possível elaborar uma análise completa do jogo, estas são as minhas primeiras impressões acerca dele.
Aventura no tom certo
Deixando a Guerra Civil Galáctica em segundo plano, a história gira em torno da astuta ladra Kay Vess, que busca sobreviver enquanto o Império e os sindicatos do crime ganham força. A narrativa adota um tom similar ao da trilogia clássica, mesclando momentos leves e cômicos com ação descomplicada e envolvente. Desta vez, seguimos uma protagonista mais humana, sem poderes místicos ou habilidades especiais, o que proporciona uma forte temática de espionagem. A trama constantemente apresenta novos personagens, mas o foco é muito bem definido em um grupo seleto de figuras carismáticas, com destaque para Nix, o fiel companheiro de Kay, que exibe o charme típico dos mascotes icônicos da franquia, como R2D2 e Grogu. Existem também alguns seres nada confiáveis espalhados pelo submundo, com potencial para serem bons antagonistas, mas ainda não encontrei nenhum grande vilão.
Escolhas e consequências
Star Wars Outlaws é mais um jogo de ação em mundo aberto do que um RPG tradicional, mas a campanha oferece diversas escolhas com consequências visíveis. Aceitar uma missão do Cartel Hutt pode ser uma boa maneira de ganhar créditos, mas descobrir algo que possa incriminar seus contratantes para outra organização criminosa pode ser ainda mais lucrativo. O título inclui um sistema de reputação que afeta como cada facção trata o jogador. Se você invadir, roubar e conspirar contra membros do Sindicato Pyke, não conseguirá mais entrar no território deles pela porta da frente e provavelmente será perseguido se continuar a atentar contra o grupo. Em todo momento, é essencial considerar como suas ações reverberarão, pois ser bem quisto por um grupo rico de criminosos garante recompensas muito agradáveis, mas conquistar o ódio de outra organização no processo não é nada benéfico para quem está começando a ganhar notoriedade no mundo do crime.
Jogabilidade completa
Embora o gameplay possa parecer centrado em tiroteios, o jogo é, na verdade, bastante focado no stealth. Missões de infiltração são comuns e, em alguns casos, sequer oferecem a opção de uma abordagem mais agressiva. Pessoalmente, vejo isso como uma limitação, especialmente considerando a divertida jogabilidade desenvolvida pela Massive Entertainment. Kay Vess carrega consigo apenas uma arma, que pode ser aprimorada para funcionar em diferentes circunstâncias. A gunplay é muito responsiva e funcional, e se enriquece com as diferentes armas que podem ser coletadas de inimigos derrubados e usadas temporariamente, adicionando um fator estratégico ao combate. Além disso, é possível conduzir seu Speeder, um veículo eficiente, rápido e fácil de pilotar, ideal para terrenos adversos. O jogo também apresenta uma nave espacial utilizável; sua existência é essencial no enredo, mas no quesito jogabilidade ela só me proporcionou alguns momentos curtos de combate bastante simples.
Visuais (quase) deslumbrantes
Cutscenes cinematográficas e planetas fidedignos com o universo de Star Wars são os grandes destaques gráficos de Outlaws. As cinemáticas são bem dirigidas e conseguem captar com eficácia as nuances da trama. No entanto, esses bons visuais são parcialmente ofuscados pela modelagem medíocre dos personagens humanos e expressões faciais terríveis, que não conseguem refletir as emoções transmitidas pela dublagem. Em minha experiência no Xbox Series S, também notei um forte serrilhado no mundo aberto e alguns bugs gráficos na vegetação. Esses problemas não comprometem gravemente a experiência geral, mas afetam o tom cinematográfico que o jogo se esforça para alcançar. Apesar dessas falhas, a ambientação rica e a atenção aos detalhes no design dos planetas proporcionam uma boa qualidade visual, digna dos filmes mais bem produzidos do universo de George Lucas.
Mundos recheados
Os games de mundo aberto da Ubisoft costumam receber críticas semelhantes: excesso de ícones no mapa, atividades secundárias repetitivas e o maçante sistema de torres. Felizmente, Star Wars Outlaws escapa desse padrão. Os planetas do jogo são marcados por uma forte presença de natureza, oferecendo momentos de calmaria que ajudam a cadenciar o ritmo da jornada, mas que jamais se tornam maçantes, graças à eficiência do speeder na exploração de grandes distâncias. As missões secundárias são instigantes, com linhas de investigação que levam a diversos locais e introduzem novos personagens e histórias. No entanto, algumas missões se perdem um pouco, exigindo muitas viagens e a exploração de cenários repetitivos para a descoberta de algo simples. O jogo também inclui alguns minigames, sendo o sabbac seu grande destaque. Bem elaborada e completa, essa atividade tem potencial para prender o jogador por horas.
A análise de Star Wars Outlaws será publicada no Portal E7 em breve. Por enquanto, sigo me aventurando nessa galáxia muito, muito distante.