Análise do jogo Slipstream
Criado pelo desenvolvedor brasileiro Ansdor, se eu fosse resumir Slipstream em uma frase, diria que é o sucessor espiritual de OutRun!
Na contramão da onda de simuladores, Slipstream é um jogo de carro old school pseudo 3D, ou seja, o carro está parado e é a pista que anda! Nesses moldes, devo lhes dizer que é o melhor game atual nesta pegada, pois conseguiu traduzir a fórmula antiga de física e ainda fazer variações de aceleração, velocidade e dirigibilidade em oito veículos distintos. O meu preferido foi o Aurora (inspirado no Mitsubishi 3000 GT), pela velocidade alta sem perder aceleração.
Slipstream conta com um total de 6 modos de jogo. Começando pelo Grand Prix, nele há copas individuais para participarmos, além de corridas customizáveis, onde podemos aprimorar nosso veículo, e disputas com os carros padronizados. Cada copa possui 5 pistas consecutivas, onde ganhamos e acumulamos pontos de corrida após as provas, para no final tentar alcançar o primeiro lugar e ser campeão. As copas são divididas em Rubi, Safira, Esmeralda e Diamante, sendo que esta última apresenta pistas exclusivas e que só são desbloqueadas após passarmos por ela. Temos também a copa do DLC gratuito Blue Hour, que carrega o mesmo nome e traz 5 novas pistas, que também são vistas em outros modos. Já o modo Cannonball é basicamente um Grand Prix em que você determina o tráfego, a quantidade de corredores e pistas e se vai haver ou não um rival; é interessante, mas ainda prefiro algo pré estabelecido.
Até poderia dizer que o Grand Prix é o modo principal, pois quando joguei OutRun eu definitivamente almejei algo assim em uma sequência, mas não, o modo que me ganhou foi o Grand Tour, onde temos as 15 pistas das copas Rubi, Safira e Esmeralda em uma espécie de ‘clado’: ao fim de cada pista temos uma bifurcação onde podemos escolher por qual caminho seguir, passando por 5 pistas até chegar em uma das 5 saídas. A obrigatoriedade em completar cada uma das 16 possíveis rotas é chata na sede de ver a completude do jogo, enjoativa pra ser pontual, mas é o modo que parece que o título foi feito para ser jogado. O Grand Tour é cativante e definitivamente atesta Slipstream como sucessor espiritual de OutRun, junto de sua jogabilidade e estética!
Há ainda a Corrida Única, com parâmetros de configuração de adversários, voltas, pista normal ou invertida e a posição inicial; o Desafio de Tempo, clássico Time Attack onde você faz um tempo em uma pista e tenta superá-lo (neste caso não há parâmetros de configuração); e o Battle Royale, que é um Lap Knockout, onde a cada volta (ou no caso de Slipstream a cada pista) o último colocado é eliminado.
Minha experiência de jogabilidade foi uma experimentação, me senti um símio colocando o objeto circular no buraco, descobrindo o título e jogando de uma maneira que eu jamais esperaria! Me vi sofrendo pra fazer belas curvas freando e deslizando, selecionando o modo leve para retomada de aceleração, crendo fielmente que a grande mecânica de Slipstream era a derrapagem… Eu não poderia estar mais enganado! Quando tive o estalo do nome do jogo e percebi que não precisava depender da aceleração do meu carro, coloquei tudo na velocidade final, deixando o veículo no modo de dirigir pesado, com derrapagem automática (perdendo um pouco de velocidade no balanço final para ganhar dirigibilidade). Para isso não ser mais uma preocupação, o “slipstream” que o game carrega no nome brilhou: me habituei a ir no vácuo dos outros veículos e foi tudo de algo frustrante para bem divertido! Vale a pena tomar seu tempo, experimentar carros, modos e derrapagens para chegar no seu gosto de jogo.
Slipstream se encaixa visualmente como o futuro retroativo do Mega Drive, com mais cores e em uma proporção de aspecto moderna, carregando a alma da Sega do fim dos anos 80 e começo dos 90 em seus visuais, tanto que homenageia a empresa em diversos momentos e formas em suas pistas. Homenageia tão bem que a própria Sega não faria tão bem quanto o desenvolvedor deste game. Temos também uma trilha que casa muito bem com as pistas, não vou negar, é um Retro Wave muito bom para quem curte o gênero, mas não é o meu caso. Gostei muito das músicas de introdução, menu, finalização, aquela vibe Jazz Fusion, mas o que está mesmo dentro do meu gosto são os Drum’n’Bass e House do DLC Blue Hour.
Para esta análise, experimentei as versões de Xbox Series e Nintendo Switch. A maior diferença está em alguns loadings onde, logicamente, os do Xbox são menores. O carregamento inicial no console da Microsoft é quase inexistente, enquanto no Switch é demorado. Mesmo assim, a versão a qual escolhi jogar e finalizar o jogo foi a de Switch, pelo meu gosto pessoal por jogar em portáteis. Com isso, gostaria de dizer que é de longe um dos games mais pesados que joguei no console, mas ele crashou! Quando estava na última corrida de um dos modos de jogo, em certo momento pausei, e quando retornei o som havia sumido totalmente até que o jogo parou. Houve então uma mensagem de erro e tive que reiniciá-lo. Felizmente não perdi nenhum progresso além desta ‘run’.
Slipstream está disponível para PC, Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series, PlayStation 4 e PlayStation 5. Esta análise foi feita com base nas versões de Nintendo Switch e Xbox Series com cópias fornecidas pela BlitWorks.
Considerações finais
De maneira positiva, Slipstream é moderno e retrô, antigo e novo! Ele tem tudo para agradar os velhacos que curtiam corridas 16 bits, tanto quanto os jovens que gostam de indies com as qualidades de vida modernas, cheio de opções e possibilidades.
Esteticamente, é lindo e coeso, sendo nostálgica a alusão aos jogos de corrida do final dos anos 80 e começo dos 90, mas muito mais detalhado, uma carta de amor à Sega daqueles tempos. Por fim, nos modos principais ele brilha no desafio, oferecendo também opções para jogadores mais casuais, sendo esta variedade de modos uma de suas maiores qualidades. É uma pena que a versão de Switch tenha seus problemas técnicos.