Análise do jogo Everloop
Parece até engraçado dizer isso, mas Everloop resgatou lembranças da minha infância e adolescência. Nos Almanacões da Turma da Mônica e posteriormente nas revistas Coquetel, uma das minhas atividades favoritas era o jogo dos sete erros. A atenção para analisar os detalhes e identificar as diferenças também é o ponto central de Everloop, que ainda adiciona uma pitada de terror psicológico nessa premissa. Não, não é um jogo que almeja provocar sustos, tudo gira em torno da nossa capacidade de percepção do ambiente.
Inspirado no jogo japonês The Exit 8, em Everloop assumimos o controle de um personagem desconhecido que está preso em um corredor aparentemente sem fim. O objetivo, presente no menu e em um cartaz afixado à parede, consiste na identificação de anomalias enquanto percorremos o misterioso local. Se tudo estiver certo, podemos seguir em frente, mas se notarmos alguma coisa estranha, devemos voltar. Não há nenhuma interação com o ambiente, tudo se resume em escolher uma direção para seguir.
Sempre que completamos um loop corretamente uma vela será acesa, e para chegar ao final do game e alcançar o “destino” do protagonista é preciso conseguir acender todas as oito velas. Isso significa que precisamos fazer em sequência oito loops corretos, ou seja, seguir adiante quando estiver tudo certo e retornar quando houver alguma anomalia. Se escolhermos a direção errada, todas as velas são apagadas e precisaremos recomeçar o trabalho.
No início parece um pouco confuso, já que o corredor conta com uma quantidade considerável de informações para serem memorizadas, mas enquanto passamos repetidas vezes pelo local, pouco a pouco vamos notando os detalhes do ambiente. Algumas anomalias são bem fáceis de identificar, como uma porta abrindo sozinha e fazendo aquele barulho característico que causa apreensão, mas outras exigirão uma percepção mais aguçada.
O estúdio brasileiro Infinity Green Game faz questão de deixar claro na descrição que Everloop é um título curto, estimando um tempo de jogo de 15 a 60 minutos. Depois de concluir os oito loops perfeitos e chegar ao final do game, o único objetivo restante é encontrar as anomalias que ainda não foram descobertas, no total são trinta. Gastei cerca de 1 hora e meia para alcançar o 100% de conclusão.
Logo que comecei Everloop, estava achando a experiência um tanto quanto abstrata, queria entender o propósito para aquelas sucessivas passagens pelo corredor. As explicações que eu esperava estavam no códice, que pode ser acessado no menu. Cada anomalia descoberta é adicionada ao códice e apresenta uma reflexão sobre a vida, além de observações do protagonista sobre a temática abordada; a parte surpreendente é como essas mensagens incorporam as características das anomalias. É uma pena que isso esteja restrito ao menu, se parte dessas informações tivessem sido transmitidas durante o gameplay, acredito que as coisas seriam mais interessantes.
Com relação a parte audiovisual, o jogo possui um gráfico bonito e detalhado e conta com efeitos sonoros básicos. Como se passa sempre no mesmo local, tanto o ambiente quanto os sons acabam sendo cruciais para o jogador encontrar as anomalias. Por mais que seja um local aparentemente comum, o título consegue construir uma atmosfera capaz de provocar tensão.
Everloop está disponível para PC. Esta análise foi feita com uma cópia fornecida pelo Infinity Green Game Studio.
Especificações do computador utilizado para a análise: Ryzen 7 5700X, RTX 3060 12 GB, 32 GB de memória RAM DDR4 3200Mhz.
Considerações finais
Adotando uma proposta simples, os ciclos repetidos que encaramos em Everloop escondem reflexões profundas: isso não fica claro logo de cara, mas explorando o códice de anomalias podemos entender mais sobre a experiência proposta pelo título. A ambientação bem construída acaba sendo um elemento primordial para que as coisas funcionem bem ao longo da jogatina.
Desafiando a nossa capacidade de percepção, esse é aquele típico game para completar em uma única jogada. O desafio extra fica por conta de tentar localizar todas as trinta anomalias existentes, depois disso não há mais o que fazer. Dentro daquilo que se propõe, Everloop é um bom jogo.
