Análise do jogo A Way Out

Brothers: A Tale of Two Sons foi um dos melhores títulos independentes que eu tive a oportunidade de jogar no Xbox 360. Dirigido pelo cineasta libanês Josef Fares, o game coloca o jogador para controlar, simultaneamente, dois irmãos em uma emocionante jornada para tentar salvar a vida do pai. A Way Out, o segundo jogo de Fares, também é protagonizado por dois personagens, mas diferente do seu predecessor, ele só pode ser jogado em modo cooperativo, online ou local, com cada player assumindo o controle de um personagem.
Antes de começar a aventura, na tela de seleção de personagem há uma breve descrição sobre os passados de Vincent Moretti e Leo Caruso. Os dois protagonistas se envolveram com atividades criminosas, tendo Leo já cumprido seis meses de um total de oito anos de condenação, enquanto Vincent irá começar a sua passagem pelo sistema prisional agora, tendo sido sentenciado a uma pena de quatorze anos. O jogo inicia mostrando a chegada de Vincent ao presídio em que Leo está preso. O primeiro contato entre eles acontece durante uma briga na quadra de basquete, quando um prisioneiro tenta matar Leo. Empurrado para a confusão por outros detentos, Vincent ajuda Leo a derrotar os inimigos que o atacaram. Quando um novo confronto acontece na cantina, os dois são enviados para a enfermaria, onde pela primeira vez trabalham de forma colaborativa.
Tanto Leo quanto Vincent possuem um objetivo em comum, se vingar de um sujeito chamado Harvey, mas primeiro eles precisam encontrar uma forma de escapar do local em que estão. Executando uma sequência de ações, juntos os dois detentos começam a explorar a área e buscar os objetos que serão necessários para que eles consigam progredir. O capítulo inicial me lembrou a primeira temporada de Prison Break, embora o plano dos protagonistas de A Way Out não seja tão complexo como o que foi elaborado por Michael Scofield. A fuga é apenas o início dessa jornada, que é marcada por muitos outros momentos marcantes e ótimas reviravoltas.
Logo quando eu e meu amigo iniciamos o jogo, uma das primeiras coisas que me chamaram a atenção foi a forma com que o título lida com a câmera. O game é inteiramente jogado em tela dividida, inclusive no modo online, o que significa que você sempre pode olhar as ações que seu amigo está realizando na outra metade do ecrã. Existem momentos específicos em que a divisão de tela ganha proporções diferentes, dando um foco maior naquilo que está sendo feito por um dos personagens. Essa transição de tela é apresentada logo nos primeiros minutos do jogo, é uma experiência que lembra muito outras obras audiovisuais, mas A Way Out está longe de ser um filme interativo.
Assim que cada um assume o controle do seu personagem, os jogadores podem explorar os ambientes, interagir com objetos, conversar com NPCs e jogar alguns minigames. Não há limitações, sendo inclusive possível conversar com outros personagens ao mesmo tempo. Nesse caso, o áudio de um dos diálogos irá se sobrepor ao do outro, o que acaba impedindo que as duas conversas sejam inteiramente acompanhadas. Apesar de ser legal essa liberdade, o ponto alto do jogo está nos momentos em que os dois players trabalham juntos para completar certos objetivos. Essa colaboração é bem variada, indo desde coisas mais simples, como apertar um botão ao mesmo tempo, até a ações mais elaboradas. Para desparafusar a privada da cela, enquanto um personagem estava retirando os parafusos, o outro precisava ficar vigiando os guardas. Mais adiante, Vincent e Leo precisam apoiar as costas um no outro para conseguirem subir por uma parede. Definitivamente é um título que foi pensado para ser jogado em modo cooperativo.
Além de executar ações juntos, os jogadores também precisam chegar em um consenso para decidir como irão avançar na história. Ao longo da jogatina, em alguns momentos precisamos escolher a estratégia para o próximo passo, tudo com base naquilo que os dois protagonistas pensam. Leo sempre manifesta o desejo de agir de uma forma mais agressiva, ao passo que Vincent prefere que eles sejam discretos e executem ações de forma furtiva. Desta forma, só será possível progredir quando os dois jogadores definirem igualmente como irão proceder.
O jogo se propõe a apresentar uma variedade de mecânicas, mas nem todas funcionam muito bem. Na metade da aventura, os dois personagens são obrigados a fugir da polícia em uma caminhonete, momento em que um jogador assume o controle do veículo, enquanto o outro fica na carroceria atirando nos inimigos. Como a dirigibilidade é um pouco esquisita, pode ser que essa parte tenha de ser repetida, o que não é um grande problema, uma vez que o título apresenta um baixo grau de dificuldade (ou seja, raramente você terá que rejogar trechos maiores como esse). Já próximo do final, precisamos lidar com uma série de inimigos armados, ocasião em que o game mostra mais um ponto fraco do seu gameplay: os combates com arma de fogo. A mira das armas é imprecisa e a mecânica de cobertura não funciona muito bem. Felizmente esses problemas acontecem de forma pontual, afetando pouco a experiência que é proporcionada.
Durante a aventura, passamos por vários locais e todos eles apresentam cenários detalhados e bem trabalhados. A Way Out conta com um estilo visual bonito, mas nada muito impressionante. É preciso lembrar que estamos diante de um jogo independente, portanto gráficos ultrarrealistas não é uma das características principais. Isso também reflete os problemas de jogabilidade mencionados anteriormente. O foco está em contar uma boa história e oferecer uma experiência cooperativa divertida. Como o título possui legendas em português, acompanhar a jornada dos protagonistas se torna algo bastante acessível.
Para finalizar, é importante mencionar que apenas um dos jogadores precisa ter uma cópia do título, não é necessário que ambos tenham adquirido o jogo. Ao receber o convite para iniciar uma partida online, o jogador que não detém o game consegue jogá-lo do início ao fim, mas as conquistas serão desbloqueadas apenas para quem efetivamente for o proprietário. Essa estratégia foi extremamente bem pensada, uma vez que não é possível jogar A Way Out sozinho.
Desenvolvido pela Hazelight Studios e publicado pela Electronic Arts, A Way Out foi lançado em 2018 e está disponível para PlayStation 4, Xbox One e Windows. Esta análise foi feita com base na versão do Xbox One.
Considerações finais
Muitos são os jogos que oferecem uma experiência co-op em suas campanhas, mas são pouquíssimos os que exigem que suas histórias sejam jogadas exclusivamente nesse modo. Sendo um desses raros casos, A Way Out entrega uma ótima experiência cooperativa, exigindo que os dois jogadores troquem ideias constantemente para escolher a forma mais adequada para avançar. Foi uma das melhores experiências cooperativas que eu já tive, mesmo que em alguns momentos as mecânicas não sejam tão boas. De qualquer forma, valeu a intenção dos desenvolvedores em tentar tornar o game o mais variado possível.
Mesmo possuindo alguns clichês, a narrativa de A Way Out é muito boa e me surpreendeu bastante, principalmente na reta final. Durante a aventura, uma série de escolhas precisam ser feitas, o que provoca leves alterações na progressão da história. Composto de cinco capítulos, o título não é muito longo e conta com dois finais possíveis. Terminado o jogo, não há mais o que fazer além de ir atrás das conquistas que ficaram para trás, o processo para desbloquear todas elas é bem tranquilo.
Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo
➜ Você pode ler análises de outros jogos clicando aqui.
Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
2 comentários ›
  • Responder

    Excelente jogo. Boa análise.

  • Responder

    Obrigado pelo comentário, A Way Out é realmente um ótimo game.

Deixe seu comentário ›