Análise do jogo The Walking Dead: Michonne

Depois de lançar duas temporadas de The Walking Dead, a Telltale Games decidiu explorar o universo apocalíptico criado por Robert Kirkman de uma forma diferente. Ao invés de dar sequência para a história de Clementine, a desenvolvedora voltou seus esforços para criar um game protagonizado por uma das personagens mais queridas das HQs e da série de TV: Michonne. A ideia era explorar um lado não tão conhecido da personagem.
A aventura inicia mostrando uma Michonne extremamente abalada psicologicamente. Enquanto vagava por uma floresta, ela começa a misturar o presente com memórias do seu trágico passado. De cara, fica claro que as lembranças envolvendo suas duas filhas serão algo bastante recorrente no game. Nessa mistura de realidade e rememoração, o jogador assume o controle da protagonista pela primeira vez e precisará lidar com os zumbis que estão se aproximando. No final dessa sequência, conhecemos o Pete, o primeiro personagem com quem Michonne terá algum tipo de interação e com quem ela irá desbravar essa pequena jornada.
Depois da breve introdução, o jogo apresenta um pequeno salto temporal de três semanas. Michonne agora se encontra em um barco, junto com Pete e mais alguns sobreviventes. Enquanto navegavam, Pete capta um sinal de socorro pelo rádio e, logo na sequência, o barco em que eles estavam acaba batendo em uma embarcação submersa. Os dois primeiros objetivos do jogo são encontrar peças para consertar o barco e investigar o pedido de ajuda recebido.
O título mantém a essência da franquia The Walking Dead ao entregar para os jogadores um clima bastante hostil. Em razão do estilo da protagonista e da arma por ela utilizada, temos um grau muito maior de brutalidade, se comparado com os dois primeiros jogos da série. Os ambientes até são detalhados, mas infelizmente há poucas coisas para se fazer neles. Como os cenários geralmente não são muito grandes, o jogador acaba sempre estando muito próximo dos objetivos principais.
The Walking Dead: Michonne preserva as mecânicas utilizadas pela Telltale nos seus outros jogos. Andando pelos cenários, podemos interagir com objetos e os outros personagens com apenas um clique. Nos momentos em que é necessário fazer escolhas, há apenas uma fração pequena de segundos para o jogador agir, ou seja, você não tem tempo para ficar pensando em qual será a melhor resposta ou qual a melhor ação a ser tomada. Outro elemento de jogabilidade bastante presente são os quick time events, momentos em que se deve apertar o botão que é exibido na tela.
Composto por apenas três episódios, a sensação que eu tive é que tudo ocorre de uma forma muito rápida no game, o que acaba gerando reflexos na experiência por ele proporcionada – não é algo ruim, mas certamente poderia ser muito melhor. Cada episódio tem aproximadamente uma hora de duração, o que significa que o contato que temos com os demais personagens é bastante reduzido, o que tira o peso das escolhas que precisamos fazer. Além disso, como o jogo foi inteiramente trabalhado para explorar a personagem Michonne, as decisões tomadas pelo jogador acabam tendo uma importância muito pequena.
No tocante aos elementos audiovisuais, o jogo segue o mesmo estilo gráfico de seus predecessores, com traços que lembram as HQs. Durante minha jogatina, duas coisas que me chamaram a atenção foram a trilha sonora e a direção. As músicas que tocam ao fundo dos capítulos são muito boas e ajudam na composição das cenas, ao passo que a direção executa um ótimo trabalho ao mesclar as memórias da protagonista com o presente, resultando em ótimas transições. O título consegue transmitir para o jogador toda a dor que Michonne tem armazenada dentro de si, o que também considero ser um ponto positivo.
Assim como nos outros jogos da série The Walking Dead, a Telltale parece mais uma vez não ter caprichado no desempenho do game. O jogo apresenta pequenas travadas nas transições das cenas, não é algo que compromete a experiência, mas merece ser mencionado em uma análise. Tirando esse detalhe, o game apresentou um bom comportamento.
Lançado em 2016, The Walking Dead: Michonne está disponível para Windows, macOS, PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360, Xbox One, Android e iOS. Esta análise foi feita com base na versão do Xbox One.
Considerações finais
The Walking Dead: Michonne cumpre bem o papel de apresentar detalhes sobre o misterioso passado de uma das personagens mais queridas do universo de The Walking Dead. Ao lidar com os problemas do presente, Michonne precisa também enfrentar as dores atreladas ao seu passado, momentos em que o jogo se destaca positivamente. Já a narrativa do presente é extremamente simples e superficial, o que torna as escolhas feitas ao longo da narrativa pouco significativas.
Por ser um jogo point and click, eu esperava encontrar maiores opções de interações nos cenários. Como os ambientes já não são muito grandes, quase todas as ações disponíveis em uma área são relacionadas com o objetivo principal. Somando todos esses fatores, o título entrega uma experiência inferior àquelas vistas nas duas primeiras temporadas.
Nota
★★★☆☆ – 3 – Bom
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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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