Análise do jogo Life is Strange: True Colors

Life is Strange se tornou uma franquia conhecida por apresentar histórias fortes, abordar temas sociais importantes e colocar o jogador para tomar decisões que muitas vezes não são fáceis de serem escolhidas. Desenvolvido pela Deck Nine Games, que anteriormente trabalhou em Before the Storm, Life is Strange: True Colors não foge dessa premissa e nos entrega uma aventura repleta de dramas familiares, surpresas e reviravoltas surpreendentes.

No jogo assumimos o controle de Alex Chen, uma jovem que passou os últimos oito anos de sua vida na Casa de Acolhimento Mãos Caridosas. Alex está deixando a instituição para ir morar com seu irmão, Gabe, em Haven Springs, uma pequena cidade localizada nas montanhas do Colorado. Os detalhes sobre o que aconteceu com a sua família são revelados apenas no quinto capítulo, portanto não farei maiores comentários sobre o passado dos dois personagens. Assim como Gabe recomeçou sua vida, essa parecia ser uma ótima oportunidade para Alex experimentar novos ares, conhecer novas pessoas e quem sabe traçar planos para o futuro.

Logo no começo da aventura, descobrimos que a protagonista possui uma habilidade especial, ela é capaz de ler as emoções de outras pessoas. Ao perceber que há uma aura ao redor de algum personagem, basta se aproximar dele e apertar o botão de interação para escutar seus pensamentos. Quando essas emoções são muito fortes, Alex pode perder o controle e começar a sentir aquilo que está dominando a outra pessoa. Além disso, ela também consegue resgatar fragmentos de memórias espalhadas pelos ambientes, que são os colecionáveis do game e nos revelam novos detalhes da trama.

Como toda cidade pequena, os moradores de Haven Springs se conhecem bem e parecem ser uma comunidade unida. Por meio da rede social MyBlock, podemos acompanhar as últimas notícias da cidade e os comentários dos personagens sobre os últimos acontecimentos. Sendo uma novata na região, Alex é bem acolhida e aos poucos vai conquistando o seu espaço. Esse processo acaba se intensificando quando uma tragédia envolvendo a mineradora Typhon acontece, momento em que a protagonista se junta aos amigos Ryan e Steph e começa a investigar a situação. Apesar das tentativas de ocultar a verdade, Alex tem ao seu lado sua habilidade especial, elemento que será essencial para revelar a todos a verdade sobre o ocorrido.

Além do já mencionado MyBlock, outra forma de ficar por dentro de tudo o que está acontecendo é ler as mensagens de SMS recebidas pela protagonista e as anotações que ela faz no seu diário. Se você é aquele tipo de jogador que gosta de saber todos os detalhes da história, não deixe de acompanhar esses três recursos. A história em si apresenta um bom ritmo e é muito bem desenvolvida. Life is Strange: True Colors está totalmente localizado em português e conta com uma excelente tradução para o nosso idioma. Explorando bastante os ambientes, gastei mais de 15 horas para finalizar o game, e ainda assim deixei algumas coisas passarem despercebidas. Como o título oferece um seletor de cenas no menu, isso facilitou o meu trabalho de ir atrás das conquistas que perdi.

Com relação à jogabilidade, ela segue o padrão visto nos outros jogos da série. Temos ampla liberdade para interagir com os objetos do cenário, podendo também conversar com grande parte dos NPCs. Existem alguns trechos que adotam uma pegada mais descontraída, tornando o gameplay variado e nos proporcionando um novo tipo de experiência. No capítulo três, por exemplo, acompanhamos Ethan, o filho da namorada de Gabe, em um jogo de RPG. Já no quarto episódio, vivenciamos o tão comentado Festival de Primavera, oportunidade em que Alex pode escolher (ou não) um par amoroso. Tal como nos outros títulos da franquia, nossas escolhas geram consequências e as decisões que tomamos ao longo da aventura nos conduzem a um dos seis possíveis finais.

Visualmente, Life is Strange: True Colors conta com ambientes bonitos e detalhados, é perceptível o cuidado que os desenvolvedores tiveram ao criar cada área do game. Mesmo não sendo extremamente realista, as animações faciais são muito boas e transmitem para o jogador, junto com a excelente dublagem, as diversas emoções dos personagens. Durante a minha jogatina, notei algumas falhas gráficas, sendo a mais perceptível os quadrados pretos aparecendo no lugar da mão de Alex. Mesmo não sendo algo que interfira profundamente na experiência, não deixa de ser chato ficar vendo essas falhas na tela. No tocante a trilha sonora, novamente temos uma ótima seleção de músicas, algo que a franquia sempre soube fazer bem.

Lançado em 2021, Life is Strange: True Colors está disponível para Xbox One, Xbox Series, PlayStation 4, PlayStation 5, PC e Nintendo Switch. Esta análise foi feita com base na versão do Xbox One.

Considerações finais
True Colors entrega tudo o que esperamos de um Life is Strange: excelente história, personagens carismáticos, escolhas difíceis de serem feitas, boa jogabilidade e uma ótima trilha sonora. A base adotada é a mesma do primeiro jogo da franquia, combinando a exploração dos ambientes com o uso do poder da protagonista. Como passou os últimos anos de sua vida em uma instituição de acolhimento, é legal acompanhar a personagem ir aos poucos se descobrindo e criando laços com outras pessoas, ainda que isso aconteça em meio a uma tragédia. Depois de Max Caulfield, Alex se tornou a minha personagem favorita da série.

Explorar cada cantinho de Haven Springs é prazeroso, assim como conhecer melhor os personagens e os problemas que eles estão enfrentando. Parar para apreciar os momentos contemplativos, por mais que pareça algo simples, é sempre uma ótima opção. Infelizmente presenciei algumas falhas gráficas, o que tirou um pouco do brilho da aventura. De toda forma, Life is Strange: True Colors faz muito bem o que se propõe e oferece várias horas de diversão.

Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo

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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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